É alarmante pensar que, atualmente, ainda não exista uma ética de proteção da terra na educação da grande maioria das pessoas. Por conseguinte, é possível eliminar uma floresta ou bosque e destinar o espaço para os fins mais insanos, tanto nas áreas rurais ou grande centros urbanos, porque existe uma grande despreocupação com a terra.
Contudo, essa fase está chegando ao seu fim, muito provável porque Gaia esteja enfurecida e por toda parte do mundo vemos explicitamente as catástrofes ocorrendo numa intensidade sem igual na história do planeta.
E a culpa é nossa! Por isso, devemos insistir na PROTEÇÃO ÉTICA DA TERRA.
Dentro de muitos assuntos relacionados a ética da terra, o consumo e a forma de produção do nosso alimento sempre chamam a atenção quando penso na nossa responsabilidade como habitantes da nave mãe. Aqui talvez devesse destacar a soberania e segurança alimentar de todas as famílias agricultoras ou não, bem como comunidades e culturas das mais distintas que existem.
Uma fantástica referência que tenho, é pensar que qualquer indivíduo, seja branco, verde ou amarelo, pode cultivar seu próprio alimento em um pequeno espaço. Um lindo exemplo que posso relatar é que recentemente a amiga Bhianca, estudante de biologia da UFPR e que participa do grupo
Ecoberrantes, entrou em contato para propor uma intervenção no jardim da casa de seus pais no bairro Mossunguê em Curitiba.
Em depoimento, Bhianca explica o motivo pelo qual se interessou pela permacultura urbana e nos conta um pouco sobre suas percepções:
"Bom, então vou contar um pouco sobre o porquê me interessei em aprender mais sobre a permacultura e como foi a experiência de chamá-los para construirmos uma hortinha aqui em casa. Em primeiro lugar porque eu, como inúmeras pessoas, tenho severas críticas ao nosso sistema de produção e a forma como nos alimentamos. Apesar de me sentir um tanto aliviada por saber que a maioria dos alimentos consumidos pelos brasileiros provém da agricultura familiar, ainda me incomoda muito a forma como nos alimentamos. Me incomoda ver o jeito que as coisas são vendidas, em especial no mercado. Enfim, gostaria que todos pudessem saber como os alimentos vêm parar na nossa mesa e dessem o devido valor. Além disso, ficaria contente se todas as pessoas pudessem frequentemente estar em contato com a terra, com as plantas e a fauna que elas abrigam. Penso que é uma das melhores formas de não esquecermos de quem somos e nunca vamos deixar de ser: parte da natureza.
Meu pai é de uma cidadezinha no interior de Minas Gerais e sempre gostou muito de plantar, mesmo aqui em Curitiba, sempre tivemos uma horta nos fundos de casa. Mas Curitiba tem um clima muito singular e era um tanto difícil de adaptar o jeito que ele plantava às geadas e ao frio. Além disso, o trabalho foi ficando intenso e a "rotina rotineira". Meu pai desistiu da horta.
Poucos anos depois, conheci o Martin e pedi para que ele me ensinasse e me ajudasse a reavivar uma hortinha no lugar onde, desde então, eram lajotas, salvo umas plantinhas beirando o muro e um antigo e companheiro limoeiro.
E então lá fomos nós em um lindo final de semana ensolarado enquanto meu pai viajava, Marco, Martin, Rafa e eu. Para mim, dois dias de aprendizado intensivo. Tiramos as lajotas onde pretendíamos construir os canteiros, fizemos um espiral de ervas, tiramos um alfeneiro e seus "filhotes", pegamos folhas secas na rua, buscamos terra numa vizinha e já plantamos algumas coisinhas..é, foi muita coisa mesmo! Tudo isso com os minutos contados para estar tudo nos trinques quando meu pai chegasse. "Não vai dar tempo!" ou " Filha, você destruiu o quintal!" muitas vezes pensamos..mas no final do dia de domingo, às 19h00min, eu via nos fundos de casa uma simpática e, para mim, simbólica horta! É claro que ainda exige muita dedicação da minha parte, e a graça é essa: a dinâmica, felizmente ela nunca ficará "pronta".
Lá por 19h40min, quando meu pai chegou em casa a reação dele foi exatamente como eu esperava! Não muito empolgada, pois ele é bastante contido, mas logo plantou umas mudas ali, umas sementinhas aqui...e assim a horta vai se fortalecendo, estamos colocando os restos de comida de casa e do escritório onde meu pai trabalha na terra e já faço planos para os próximos canteiros.
Para concluir, quero agradecer de uma forma muito especial ao coletivo. Vocês fizeram acontecer. Adorei essa experiência e podem esperar mais chamados meus!" Confira as imagens dessa vivência!
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